Foto: Alessandra Cabral (CPB)
A partir desta quarta-feira (28) iniciam os Jogos Paralímpicos de Paris. Ao todo, cerca de 4400 atletas, divididos em 184 delegações, estarão disputando as 22 modalidades, que possuem classes funcionais distintas com base na deficiência dos competidores. Com a maior delegação de sua história, o Brasil busca manter o bom desempenho das últimas edições, que credenciaram o país como uma potência do esporte paralímpico.
Abertura
Assim como nos Jogos Olímpicos, a cerimônia de abertura da Paralimpíada de Paris também irá ocorrer em meio aos pontos turísticos da capital francesa. A partir das 15h desta quarta (28), os competidores irão desfilar pela Champs-Élysées, avenida mais importante da cidade e uma das mais populares do mundo, saindo do Arco do Triunfo e percorrendo diferentes pontos turísticos até chegar na Praça da Concórdia.
A delegação brasileira
Em Paris, o Brasil terá a maior delegação em Paralimpíadas desde 1972, ano em que o país participou dos Jogos pela primeira vez. Ao todo, 280 competidores, sendo 255 paratletas estarão nas disputas. Além deles, 19 atletas-guia (18 do atletismo e um do triatlo), três calheiros da bocha (pessoa que posiciona a canaleta para os jogadores), dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo (pessoa que controla a direção do barco coletivo) também integram a delegação brasileira.
Dentre a delegação dos atletas, está Reinaldo Charão, que é natural de São Gabriel, e compete no tiro com arco. Entre os treinadores, Cleverson Silva dos Santos, da paracanoagem, também representa a região, pois é natural de Santiago.
Potência paralímpica
Desde os Jogos de 2008, em Pequim (China), o Brasil figura entre os dez melhores países no quadro de medalhas, sendo que nas duas últimas edições, o país garantiu 72 medalhas. A evolução notável no esporte paralímpico se dá principalmente por dois pontos.
Em primeiro lugar, a Lei Agnelo/Piva, atualmente conhecida por Lei das Loterias, assinada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001, que determinou que 2% do valor arrecadado de todas as loterias federais seria destinado ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Na primeira Paralimpíada após a medida, Atenas 2004, o Brasil saltou de 22 medalhas para 33, além de ter aumentado o número de ouros de 6 para 14. No ano de 2015, a Lei sofreu uma alteração, aumentando a porcentagem para 2,7%. Antes, 15% do valor era direcionado aos esportes paralímpicos, mas com a última mudança, o número passou a ser de 37%.
Outro fator que foi fundamental para consolidar o Brasil como uma potência paralímpica foi a construção de um Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, em 2016. Local onde está a sede administrativa do CPB, o centro possui instalações esportivas que servem para treinamentos, competições e intercâmbios de atletas e seleções em 20 modalidades paralímpicas. O complexo também conta com uma área residencial com capacidade para 300 leitos, refeitório, lavanderia e um espaço para reuniões, além de um auditório. Ao todo, mais de 300 funcionários trabalham no CT Paralímpico.
Em 2016, no Rio de Janeiro, o Brasil conquistou 72 medalhas, garantindo o oitavo lugar no quadro de medalhas. Na edição de Tóquio, em 2021, o número não sofreu alteração, mas o país conquistou a sétima colocação, subindo uma posição no ranking.
Baseado na evolução dos últimos anos e nos resultados recentes em competições internacionais, existe a expectativa de que a delegação brasileira consiga o melhor resultado de sua história, superando as duas últimas edições.
Atletas com grandes expectativas
É difícil selecionar os principais atletas com chances de subir no topo do pódio nesta edição, visto que o Brasil conta com muitos competidores de destaque mundial. No entanto, alguns são mais cotados, como é o caso do mineiro Gabriel Araújo, o “Gabrielzinho”. Aos 22 anos, o nadador que tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas, chega para a sua segunda edição de Paralimpíadas após garantir dois ouros e uma prata nos Jogos de Tóquio, em 2021. Vale destacar que ele será o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura ao lado de Beth Gomes, recordista mundial do lançamento de disco.
Também na natação, a pernambucana Carol Santiago, 39 anos, já conta com cinco medalhas paralímpicas, sendo três ouros, uma prata e um bronze, em apenas uma edição disputada. Diagnosticada com síndrome de Morning Glory, que provoca redução no campo de visão, ela treina no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, e é uma das grandes esperanças do país nas piscinas de Paris.
Se na natação o Brasil tem grandes chances de medalha, no atletismo não é diferente. Petrúcio Ferreira, 27 anos, é o principal nome brasileiro na modalidade e soma dois ouros, duas pratas e um bronze, em duas edições disputadas. Ele compete na classe para amputados dos membros superiores e, desde 2019, é o atleta paralímpico mais rápido do mundo, terminando uma prova de 100m em 10s42.
Na canoagem, Fernando Rufino, que é treinado por Cleverson Silva dos Santos é o favorito à medalha de ouro. Rufino foi atropelado por um ônibus e perdeu parcialmente o movimento das pernas. Quem também é candidata ao ouro é Mariana D’Andrea, do halterofilismo. Ela tem nanismo e conquistou o primeiro ouro do Brasil no esporte em Jogos Paralímpicos, na edição de Tóquio, em 2021.
Nas modalidades coletivas, o Brasil é favorito no futebol de cegos. Desde 2004 nos Jogos Paralímpicos, o Brasil nunca perdeu uma partida e possui cinco medalhas de ouro. Além disso, a seleção conta com a quarta participação do gaúcho Ricardinho, tido por muitos como o maior da história do esporte. Da mesma forma, no goalball, modalidade criada para o esporte paralímpico, que contempla pessoas cegas ou com baixa visão, o país tem grandes chances de subir no topo do pódio no naipe masculino.